As pessoas com diabetes, com o passar do tempo, podem desenvolver problemas em alguns órgãos. São as chamadas complicações crônicas, que são alterações no funcionamento dos órgãos causadas pela ação da hiperglicemia.
Quanto pior for o controle do diabetes, maior será o risco para essas complicações aparecerem.
A solução para evitar ou retardar o aparecimento delas, é o bom controle do diabetes, da pressão arterial e dos níveis de colesterol.
Nessa seção você encontrará informações sobre alguns problemas que podem afetar os diabéticos e orientações para evitá-los ou controlá-los.
RETINOPATIA DIABÉTICA (Problemas na visão)
A retinopatia diabética é uma doença que ocorre nos olhos, na região da retina, levando à dificuldade para enxergar e, nos casos mais graves, até à cegueira.
Ela é causada pelos altos níveis de glicose no sangue que, com o passar do tempo, danificam os vasos sanguíneos da retina.
Porém, nem sempre o diabético percebe as mudanças na sua visão nas fases iniciais da doença.
Por isso, o exame periódico com o oftalmologista (médico especialista em olhos) é muito importante.
Esse exame, chamado exame do fundo do olho, é usado para detectar anormalidades nos vasos sanguíneos da retina e, dessa forma, permitir a realização do tratamento adequado o mais breve possível para evitar a progressão da retinopatia (doença na retina).
Sinais e sintomas da retinopatia diabética
- Manchas na visão ou visão embaçada.
- Visão de flashes de luz.
- Perda repentina de visão.
Além da retinopatia, outros problemas oculares também são mais comuns nos diabéticos, como o glaucoma, que é o aumento da pressão interna dos olhos, e a catarata, que é a perda da transparência do cristalino, que funciona como uma lente dentro dos nossos olhos.
Se esses problemas forem precocemente diagnosticados poderão ser tratados, evitando maiores danos para a visão.
Importante!
- O controle intensivo da glicemia, com o tratamento adequado, pode reduzir em até 76% o risco do desenvolvimento da retinopatia diabética. Para aquelas pessoas que já tenham algum tipo de problema causado pela retinopatia, pode reduzir em até 54% sua progressão para problemas mais graves.
- Para os diabéticos tipo 2, a manutenção de uma boa pressão arterial pode reduzir em até 47% o risco de piora (progressão) da retinopatia diabética.
- O diabético tipo 2 deve ser avaliado por um oftalmologista logo no início do diagnóstico.
- Já o diabético tipo 1, pode ter sua primeira avaliação um pouco mais tarde, conforme orientação do médico ou caso perceba alguma dificuldade de visão.
- As consultas com oftalmologista para o exame de fundo de olho devem ser frequentes, pelo menos uma vez por ano, tanto para o diabético tipo 1 como para o tipo 2.
NEUROPATIA DIABÉTICA (Problemas nos nervos)
A neuropatia diabética é um problema causado pela ação dos altos níveis de glicose, ao longo do tempo, nos nervos do corpo, alterando seu funcionamento.
Os sinais e sintomas podem ser variados, dependendo das funções dos nervos afetados.
Os tipos mais comuns de neuropatia são a neuropatia periférica e a neuropatia autonômica.
Na neuropatia periférica são afetados os nervos periféricos responsáveis pelas sensações como tato, pressão, dor, calor e frio.
Seus sintomas são percebidos, principalmente, nas pernas e pés, mas também podem ocorrer nos braços e mãos
- Sensação de dormência
- Sensação de queimação
- Sensação de formigamento
- Sensação de pontadas, agulhadas ou choques
- Dor ou desconforto ao toque de lençóis e cobertores
- Sensação de diminuição ou perda de sensibilidade de tato, de calor, frio (térmica) ou dolorosa.
O Diabetes e os Cuidados com os Pés
Na neuropatia autonômica são afetados os nervos autonômicos que controlam os sistemas cardiovascular, gastrintestinal e geniturinário, causando diferentes sinais e sintomas em cada um deles.
Sinais e sintomas quando a neuropatia diabética atinge o sistema cardiovascular (coração e vasos sanguíneos)
- Hipotensão postural: queda repentina da pressão arterial ao levantar-se rapidamente, podendo causar tontura, vista borrada ou escurecida e sensação de fraqueza ou desmaio.
- Taquicardia em repouso: batimentos do coração acelerados na ausência de atividade física.
- Dificuldade para realizar atividades físicas, com sensação de cansaço, fraqueza.
Sinais e sintomas quando a neuropatia diabética atinge o sistema gastrointestinal (estômago e intestino)
- Dificuldade para a digestão dos alimentos, principalmente, os sólidos, com sensação de empachamento, de estômago muito cheio.
- Náuseas ou enjoos.
- Queimação.
- Refluxo esofágico (sensação de ardor, queimação, na região entre o estômago e o esôfago).
- Hipoglicemias após a refeição, devido à demora do esvaziamento do estômago, da digestão dos alimentos e da sua transformação em glicose.
- Obstipação, constipação intestinal ou prisão de ventre.
- Diarreias, principalmente após as refeições e à noite, muita vezes com incontinência fecal (dificuldade de segurar as fezes).
- Constipação intestinal alternada com diarreia.
- Infecção intestinal devido ao acúmulo das fezes no intestino e demora para eliminá-las.
Sinais e sintomas quando a neuropatia diabética atinge o sistema geniturinário (órgãos genitais e bexiga)
- Dificuldade para identificar a vontade de urinar, levando a uma demora maior para ir urinar e causando acúmulo de urina na bexiga (chamado de retenção urinária).
- Jato de urina fraco levando à dificuldade para o esvaziamento completo da bexiga e mantendo um volume residual de urina da bexiga, o que facilita o aparecimento de infecção urinária.
- Incontinência urinária (dificuldade para segurar a urina) quando a bexiga está muito cheia.
- Problemas com a ejaculação levando à ejaculação retrógrada (ao invés do esperma sair pelo canal da uretra, volta em direção à bexiga).
- Impotência sexual, que é a dificuldade para ter ou manter uma ereção, também chamada disfunção erétil.
- Falta de lubrificação vaginal, levando à dificuldade para ter excitação e para atingir o orgasmo.
Importante!
- O exame neurológico básico, do sistema nervoso periférico, deve ser realizado frequentemente, para detectar alterações nas suas funções.
- Esse exame consiste em avaliação de reflexos, sensibilidade, pressão arterial e frequência cardíaca. Além disso, a presença de qualquer sinal ou sintoma deve ser comunicado ao médico para que seja buscado o melhor controle e tratamento para o seu caso.
- A melhor forma de evitar e controlar a intensidade da neuropatia diabética é por meio do controle rigoroso da glicemia.
- Porém, existem vários tipos de tratamento para reduzir os seus efeitos.
- Dependendo dos órgãos ou áreas afetadas podem ser utilizados medicamentos, acupuntura, massagens, prótese e outros dispositivos para o seu tratamento.
NEFROPATIA DIABÉTICA (Problemas nos Rins)
A nefropatia diabética ou Doença Renal do Diabetes é a alteração da função dos rins causada pelos valores elevados de glicemia ao longo do tempo.
Os rins são responsáveis pela filtração do sangue, eliminando as substâncias que o organismo não precisa e mantendo as que são importantes para o seu funcionamento adequado.
Quando a função dos rins é afetada, além de não eliminar todas as substâncias tóxicas que deveriam, eles podem eliminar pela a urina substâncias importantes para o organismo, como as proteínas.
Na fase inicial da doença são eliminadas pequenas quantidades de proteína, chamada de fase da microalbuminúria.
Nessa fase ainda é possível a realização de tratamentos que podem impedir a piora da nefropatia diabética e, até mesmo, levar à regressão da microalbuminúria.
O tratamento da nefropatia diabética é feito com medicações específicas para o controle da pressão arterial, controle adequado do diabetes, do colesterol e com o controle da quantidade de proteínas na alimentação.
Importante!
- A avaliação da função renal deve ser feita, pelo menos, uma vez por ano, principalmente por meio do exame que mede a concentração de albumina na urina (exame de microalbuminúria de 24 horas).
- O diabético tipo 2 deve ter sua função renal avaliada logo no início, quando é diagnosticado o diabetes. Já o diabético tipo 1, pode ter sua primeira avaliação se estiver na puberdade ou caso tenha o diabetes frequentemente descompensado.
- Se o diabético tipo 1 estiver bem controlado e não estiver na puberdade, sua primeira avaliação pode ser feita 5 anos após o diagnóstico.
DOENÇAS CARDIOVASCULARES (Problemas Circulatórios e no Coração)
As doenças cardíacas e vasculares são mais frequentes e podem ser mais graves nos diabéticos. Elas ocorrem devido às alterações dos vasos sanguíneos causadas pela hiperglicemia e por ácidos graxos (gordurosos) durante tempo prolongado.
Essas alterações podem ser responsáveis por causar ou piorar a hipertensão arterial (pressão alta) primeiramente, levando a problemas cardíacos com o passar dos anos.
A prevenção das doenças cardíacas e vasculares é feita com um bom controle da glicemia, controle dos níveis de colesterol e triglicérides, com alimentação saudável, com a prática de atividade física e com perda de peso e parando de fumar, se for o caso.
Importante!
- Algumas pessoas podem ter problemas cardiovasculares sem sintomas.
- Após os 40 anos de idade, para os homens, e 50 anos, para as mulheres, há um aumento do risco para doenças cardiovasculares.
- O risco para doenças cardiovasculares aumenta a cada 10 anos, após o diagnóstico.
- O risco para as doenças cardiovasculares aumenta se já houver a presença da neuropatia e da nefropatia diabética.
- Por isso, o acompanhamento com o cardiologista, para avaliação do seu risco e tratamento precoce é indicado nas situações acima e claro, sempre que seu médico julgar necessário.
Lembre-se!
A redução de risco cardiovascular exige, além do tratamento medicamentoso, mudanças no estilo de vida:
- Alimentação saudável – ajuda o controle da glicemia e dos níveis de colesterol.
- Atividade física – ajuda o controle da glicemia e do colesterol e melhora seu condicionamento físico, melhora a saúde do seu coração.
- Não fumar – fumar colabora para piorar ainda mais as alterações dos vasos sanguíneos causadas pela hiperglicemia.
Estar Bem com o Diabetes – Entender o Diabetes