Hipoglicemia é a situação em que há uma queda do nível de glicose no sangue para menos que 60mg/dl. Pode causar mal estar, como suores, tremores, dor de cabeça, passar despercebida ou ser confundida com outros problemas, como desinteresse e falta de atenção, no caso de crianças em idade escolar, por exemplo.
É importante saber que todo o diabético com um bom controle de glicemia tem uma maior chance de ter hipoglicemias, mas isso não deve tornar-se motivo de grandes medos a ponto de atrapalhar o controle da glicemia.
As hipoglicemias podem ser prevenidas com a realização frequente de testes de automonitoramento (testes de ponta de dedo), alimentação fracionada e em horários adequados e ajuste de doses de insulina ou medicação oral.
Os sinais e sintomas de hipoglicemia podem ser diferentes de uma pessoa para outra. Mas aos poucos, com o auxílio dos testes de glicemia, fica mais fácil reconhecer os sintomas particulares de hipoglicemia, tornando mais rápido o seu diagnóstico e tratamento.
As causas da hipoglicemia podem ser
- Aplicação de insulina em doses maiores que a necessária
- Medicação para reduzir a glicemia em doses maiores que a necessária
- Atividade física em excesso, sem que seja observada a alimentação e horário mais adequados
- Pouca alimentação
- Vômitos e diarreia
Sinais e sintomas mais comuns de hipoglicemia
- Irritabilidade
- Sonolência
- Fome repentina
- Tremores
- Palidez
- Ansiedade
- Taquicardia (coração acelerado, batedeira)
- Suores
- Visão borrada, turva
- Confusão mental, desorientação
Atenção!
Sempre que houver qualquer suspeita de hipoglicemia deve-se fazer o teste de glicemia capilar (teste de ponta de dedo).
O que fazer nos casos de hipoglicemia
Confirmando a hipoglicemia com o teste de glicemia capilar, se estiver próximo ao horário de uma refeição, adiantá-la.
Se não for o caso, ingerir 15g de carboidratos como, por exemplo:
uma colher de sopa rasa de açúcar
ou 3 balas
ou cerca de meio copo (150ml) de refrigerante não dietético
ou cerca de meio copo (150ml) de suco de laranja
ou uma colher de sopa de mel
ou 1 tablete de glucose
Importante!
- Se você estiver ajudando uma pessoa com hipoglicemia, faça com que ela se sente ou caso ela esteja deitada, eleve a sua cabeça, antes de dar o líquido, o tablete, as balas, o açúcar ou o mel, para evitar que ela se engasgue.
- Se a pessoa estiver sonolenta ou confusa, colocar o carboidrato (açúcar ou mel), aos poucos, na lateral da boca, esfregando-o suavemente, com o dedo, sobre a parte interna da boca.
- Após 10 a 15 minutos repetir o teste de ponta de dedo. Se não houver melhora deve-se repetir o mesmo esquema.
- Chocolates ou alimentos gordurosos devem ser evitados, uma vez que têm uma absorção mais lenta e, por isso, demorará mais para aumentar a glicemia.
Hipoglicemia grave
Existem sinais que sugerem que há uma hipoglicemia grave, com níveis de glicose muito baixos no cérebro.
São eles:
- Sonolência
- Confusão mental
- Agitação
- Descoordenação motora (dificuldade para movimentar-se normalmente)
- Convulsões ou perda da consciência
Nessa situação, o diabético deverá receber, caso disponível, uma injeção de glucagon no músculo ou, se possível, assistência médica imediata.
O que fazer nos casos de hipoglicemia grave
- Fazer o teste de glicemia capilar para confirmar o valor baixo de glicemia.
- Procurar manter a pessoa deitada de lado, com a cabeça um pouco levantada.
- Aplicar o glucagon (se disponível).
- Repetir o teste de glicemia. Não havendo melhora dos sintomas e dos resultados da glicemia ou não havendo glucagon, encaminhar a pessoa ao hospital o mais breve possível.
O que é glucagon
Glucagon é um hormônio produzido pelas células alfa do pâncreas, que tem como uma das suas funções estimular o fígado e os músculos a liberar glicose para o sangue.
Ele faz com que o glicogênio, nossa reserva de glicose presente no fígado e músculos, seja transformado em glicose. Assim, ele tem uma função contrária à da insulina, aumentando os níveis de glicemia.
O organismo secreta o glucagon em períodos prolongados de jejum, em que não há alimentação como, por exemplo, durante a noite.
O glucagon, em forma de medicamento (injeção), é encontrado em farmácias, pode ser aplicado no tecido subcutâneo ou no músculo, e é utilizado casos de hipoglicemias mais graves, de acordo com a orientação do seu médico.
Aprendendo a aplicar o glucagon
A aplicação do glucagon ocorre sempre em situações de grande estresse e nervosismo. É importante não entrar em pânico nessa hora. Respire fundo e tente pensar com a razão e não, somente com os sentimentos, afinal o diabético precisa da sua ajuda e você é capaz.
Para facilitar a aplicação, quando houver necessidade, é uma boa ideia estar familiarizado com o “kit”.
Uma vez comprado, o kit deve ser aberto para se verificar como está montado e visualizar onde estão marcadas as doses na seringa (1/2mg e 1mg).
Também é importante “treinar” a aplicação do glucagon caso você não tenha prática de aplicação de injeções.
Tudo isso fará com que você esteja preparado e o ajudará a ficar mais calmo quando ou se houver necessidade de utilizar o glucagon. Veja as dicas e informações a seguir.
Injeção de glucagon
O glucagon, disponível no Brasil, é produzido pelo laboratório NovoNordisk.
Ele é vendido com o nome comercial de Glucagen®, em um conjunto (kit) composto de:
- Um pequeno estojo.
- Um manual com instruções.
- Uma orientação rápida com fotos, afixada no interior da caixa.
- Um frasco-ampola com o glucagon em pó liofilizado (1mg).
- Uma seringa com agulha contendo água destilada (1ml) para diluir o pó.
Dicas importantes sobre o glucagon
- O “kit” deve ser conservado a uma temperatura que não ultrapasse 25°C. Se a temperatura ambiente for maior do que essa é aconselhável mantê-lo na geladeira, de preferência na parte inferior da geladeira, próximo ou na gaveta de legumes.
- Verificar o prazo de validade que está impresso no rótulo e na embalagem. Não utilizá-lo se o prazo estiver vencido.
- Para aplicar o glucagon é necessária a ajuda de outra pessoa, porque a administração do glucagon é indicada somente nos casos de hipoglicemia grave e, nessa situação, o diabético não tem condições de automedicar-se.
- É uma boa ideia manter uma etiqueta grande afixada na embalagem com a data de validade do produto e a dose recomendada pelo médico e, se possível, algodão ou lencinhos com álcool em local próximo.
- É sempre aconselhável limpar a pele antes de qualquer aplicação de medicamentos, mas o mais importante nessa situação é aplicar rapidamente o glucagon.
Sugestão: Treinar a aplicação do glucagon
Caso não esteja acostumado a aplicar injeções, a sugestão é conseguir uma seringa, que pode ser comprada em uma farmácia, e treinar aspirar água de um recipiente, visualizar a dose, retirar o ar e aplicar a água, em um tomate ou laranja, por exemplo.
Se conseguir um frasco-ampola vazio, como o do glucagon, melhor ainda.
Veja os passos abaixo para aplicação e “faça de conta” que está preparando o glucagon.
Como Aplicar o Glucagon – passo a passo
- Destampar o frasco-ampola.
- Retirar a tampa da seringa e injetar toda a água destilada no frasco-ampola
- Agitar o frasco (sem chacoalhar, para evitar a formação de bolhas) até que o pó fique bem misturado ao líquido (homogeneização) e a solução fique límpida, sem retirar a agulha do frasco.
- Aspirar, inicialmente, todo o líquido do frasco. Procurar aspirar lentamente, mantendo a ponta da agulha mergulhada no líquido para evitar a aspiração de ar e formação de bolhas.
- Após aspirar todo o líquido, ainda sem retirar a agulha do frasco, virar a seringa e o frasco para cima (posição vertical), dar umas batidinhas com o dedo na seringa para movimentar bolhas de ar, caso existam.
- As bolhas devem subir para a ponta da seringa e será mais fácil empurrá-las para dentro do frasco.
- Empurrar o êmbolo da seringa (parte de dentro da seringa) lentamente para retirar todas as bolhas de ar.
- Marcar a dose orientada previamente pelo médico, que poderá ser até a marca 1 (1mg) da seringa, ou seja, todo o líquido, ou a marca ½ (1/2mg), que representa metade da dose do glucagon.
- Colocar a seringa na altura dos olhos, para confirmar a dose.
- Introduzir a agulha na pele do diabético da mesma forma e em qualquer uma das regiões onde normalmente se aplica a insulina.
- Aplicar o glucagon.
- Depois de diluída, se sobrar medicação no frasco, essa não poderá ser guardada para utilização em outra ocasião. Deverá ser desprezada, ou seja, encaminhada para o lixo adequado.
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Mais informações
A Aplicação de Insulina- Guia Completo
O Diabetes tipo 1- Crianças, Adolescentes e Jovens com Diabetes
Fiz um exame de glicemia capilar na empresa e o mostrador apresentou o número 220. Fiz pela segunda com outro aparelho e apareceu o número 210. A pessoa anotou apenas numa ficha sem fazer nenhum comentário. Pode traduzir para mim esses numerous? Tenho 53 anos de idade.
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Olá, Roque Luís. O teste de glicemia capilar, que é feito utilizando glucosímetros (aparelho medidor de glicose) e tiras reagentes servem para orientar o paciente com diabetes sobre como esta o controle da glicemia (taxa de açúcar no sangue). A diferença de valores entre aparelhos diferentes é relativamente comum e a variação de até 10mg/dl é considerada normal. Esses aparelhos não devem ser utilizados para diagnóstico de diabetes. Quando o exame é feito em laboratório, em jejum, resultados acima de 125mg/dl são considerados como diabetes. Valores acima de 200mg/dl, mesmo que não sejam em jejum, também são diagnósticos de diabetes. Como os seus valores de glicemia estavam altos, sugiro que você procure o seu médico e informe o ocorrido. Provavelmente ele solicitará exames para confirmar o diagnóstico.
Mais informações https://diabetesemduvida.com/2015/12/22/diagnostico-do-diabetes/
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